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A Lentidão

by Milan Kundera | Literature & Fiction |
ISBN: 9724116654 Global Overview for this book
Registered by Cokas of Almada, Setúbal Portugal on 2/2/2021
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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Tuesday, February 2, 2021

SINOPSE

Kundera usa ao mesmo tempo um romance libertino do século XVIII e uma viagem que ele e a mulher fazem a um castelo em França, transformado em hotel, para dar vida a uma série de personagens do passado e do presente que se cruzam numa conferência de entomologistas realizada num dos seus salões. Personagens e histórias de ontem e de hoje entrelaçam-se de tal forma que ninguém se surpreende, por exemplo, que um homem de capacete, nervoso e impaciente, acelerando a toda a velocidade a sua moto, se afaste, enquanto outro, com uma peruca branca, sonolento e ensimesmado, sobe para uma sege que parece saída de uma gravura do passado: o primeiro deseja, sem dúvida, abandonar alguma coisa com urgência; o segundo, no entanto, parece disposto a recordar, ao ritmo lento do cavalo, a noite qua acaba de passar com a misteriosa e sedutora Madame de T.

Desconcertado e encantado, o leitor segue o narrador através de uma noite de verão em que duas histórias de sedução, separadas por mais de duzentos anos, se entrelaçam e oscilam entre o sublime e o cómico. Subjacente a esta fantasia libertina está uma profunda meditação sobre a vida contemporânea: sobre o vínculo secreto entre lentidão e memória; sobre a ligação entre o desejo contemporâneo de esquecer e o modo como nos entregamos ao demónio da velocidade.

Exemplar disponível na rede de Bibliotecas de Almada, com a cota 821.1/.9-3 KUN.

O AUTOR

Milan Kundera nasceu a 1 de abril de 1929, em Brnö, na antiga Checoslováquia. Em 1975 fixou residência em Paris, tendo, em 1981, adotado a nacionalidade francesa. Autor de uma vasta obra, que abrange o romance, o ensaio e a poesia, é considerado um dos mais importantes escritores do século XX. A Insustentável Leveza do Ser é a sua obra mais aclamada pelos leitores e pela crítica, e em muito contribuiu para o tornar num autor reconhecido internacionalmente. Entre outros, foram atribuídos a Milan Kundera o Prémio Médicis (1973), o Prémio Mondello (1978), o Prémio Common Wealth (1981), o Prémio Jerusalém (1985) e o Prémio Independent de Literatura Estrangeira (1991).



Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Tuesday, February 2, 2021
A Lentidão é um livro em dois atos.
Distintos, tão nitidamente distintos.
Um, que me tocou profundamente; outro, que me chegou a aborrecer.
Aquele que prometia ser um livro sério sobre a desaceleração urgente do ser humano, enlouquece e passa a comunicar de uma forma Kitsch.
Ou talvez haja li, a partir do momento em que Vincent se obstina com a "nona porta" de Julie, uma camada mais profunda que não consigo arrancar às páginas deste livro.

Contudo, é um livro que merece uma leitura. Lenta ;)

A reter:
1. A importância de dar tempo ao tempo e de não querer viver uma vida em cada minuto - não temos sete vidas e poderemos perder, real ou metaforicamente, a preciosa vida nesses mesmos 60 segundos.
2. Os mecanismos da retenção de informação trabalham à velocidade de uma valsa, onde os gestos largos e suaves preparam o espaço de memória disponível para a gravação de recordações pormenorizadas e significativas. Numa corrida de alta velocidade, as lembranças registadas são menos contemplativas, logo mais centradas no Eu e não na sua relação com o Ambiente, ou seja, ligam-nos menos ao mundo e tornam-nos menos naturalistas e mais egoístas.
3. A superficialidade, também ela resultado da desconexão com o Universo, não raro pela porta da rapidez dos dias, traz-nos o imediatismo do parecer ser, que se distancia da essência do Ser. Por definição, um Ser "é". Tudo o resto é teatro, transfiguração. E os "dançarinos" de Pontevin são esses iludidos que habitam no palco das aparências, onde já nem eles próprios se conseguem encontrar, de tanto que o papel se lhes colou à pele.

A Lentidão faz parte da Rede de Bibliotecas de Almada e está disponível com a cota 821.1/.9-3 KUN.

*** Spoilers***

«A fonte do medo está no futuro, e quem se liberta do futuro nada tem a temer.» (pág. 6)

«No nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação (o que é uma coisa muitíssimo diferente): o desocupado sente-se frustrado, aborrece-se, procura constantemente o movimento que lhe faz falta.» (pág. 7)

«Os prazeres só pertencem àqueles que os experimenta,.» (pág. 10)

«Num mundo (...) em que tudo se conta, a arma ao mesmo tempo mais facilmente acessível e mais mortal é a divulgação.» (pág. 11)

«Quem torna públicas as suas ideias arrisca-se, com efeito, a convencer os outros da verdade delas.» (pág. 19)

«Faz uma pausa prolongada. (...) Sabe que só os tímidos as receiam e se precipitam. (...) Sabe calar-se tão soberanamente que a própria Via Látea (...) fica, impaciente, à espera de resposta.» (pág. 21)

«A conversa não é um meio de encher o tempo, pelo contrário, é a conversa que organiza o tempo.» (pág. 26)

«O prazer de amor não é ainda um fruto maduro.» (pág. 26)

«Tudo é preparado, fabricado, artificial, é tudo encenado, nada há de franco ou, por outras palavras, tudo é arte (...) de prolongar a suspensão do tempo, (...) de persistir o mais longamente possível no estado de excitação.» (pág. 29)

«A rotundidade do corpo faz nascer a rotundidade e a lentidão dos movimentos e dos gestos.» (pág. 29)

«Imprimir forma numa duração. (...) Porque o que é informe é inapreensível, imemorizável.» (pág. 30)

«Há um elo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento.» (pág. 30)

«Na matemática existencial, (...) o grau de lentidão é diretamente proporcional à intensidade da memória.» (pág. 31)

«Cada nova possibilidade que a existência possui, incluindo a provável, transforma a existência inteira.» (pág. 32)

«Ser eleito é uma noção teológica que quer dizer: sem mérito algum, através de um veredicto sobrenatural (...), é-se escolhido para qualquer coisa de excecional e de extraordinário.» (pág. 38)

«O amor, por definição, é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro.» (pág. 38)

«Uma queda (...) é, por definição, trágica.» (pág. 39)

«Pensamos sempre que as oportunidades de um homem são mais ou menos determinadas pela sua aparência, pela sua beleza ou fealdade do seu rosto (...). Errado. É a voz que decide tudo.» (pág. 52)

«Tudo o que fazemos, seja poesia ou ciência, é uma revolta.» (pág. 58)

«É um malfodido. Um antipicha. Um sem-tomates.» (pág. 63)

«Situação difícil aquela em que só podemos falar de uma coisa e ao mesmo tempo não estamos em condições de falar dela.» (pág. 70)

«Traz debaixo do vestido branco a ferida de uma injustiça.» (pág. 78)

«Por favor, amigo, sê feliz. Tenho a vaga impressão de que da tua capacidade de ser feliz depende a nossa única esperança.» (pág. 110)

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