Intervalo às Onze da Tarde
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"(…) Eu ainda não me tinha dado conta de que se tratava de uma festa de anos, e fiquei atrapalhado por não trazer nenhum presente. Mas como se tratava de vampiros, limitei-me a fazer um corte discreto num dedo, e embrulhei o sangue resultante na tarde do dia anterior, decorando por fim o pacote com um laço de amizade. (...)"
A característica mais óbvia deste livro é o nonsense. Pisca-nos o olho desde o título e acompanha-nos ao longo da leitura, da primeira à última frase.
Mas desenganem-se se acham que é um nonsense estúpido, que nos faz perder tempo e pensar "para que raio é que estou a ler um texto que não faz sentido nenhum?" :)
Na verdade é um nonsense recheado de humor e escrito com inteligência, que nos faz rir mas por vezes também pensar: tanto nos desafia a reinterpretar fórmulas banais que tendemos a ler com o significado mais óbvio (ex: "Tomei um duche, lavei os dentes e fiz a barba ao espelho, que ficou cheio de riscos porque a lâmina estava um pouco romba.") como nos esclarece/interroga sobre as grandes questões da vida (ex: "Não há nada no mundo que seja sério ou importante. Há quando muito algumas coisas que são importantes para certas pessoas, que as levam a sério num certo momento. Depois o momento passa, tenha durado um dia ou uma década, e o que era importante torna-se insignificante. E se uma coisa se pode tornar insignificante, é porque nunca foi importante.").
Só mais um pormenor que queria realçar: para além de ter uma enorme criatividade e um sentido de humor muito próprio, o Nuno sabe escrever bem. É raro pegar num livro assim, que se percorre de uma ponta à outra sem tropeçar numa única gralha ou numa construção frásica menos feliz.
Parabéns Nuno. Fico à espera do próximo. :)
Mas desenganem-se se acham que é um nonsense estúpido, que nos faz perder tempo e pensar "para que raio é que estou a ler um texto que não faz sentido nenhum?" :)
Na verdade é um nonsense recheado de humor e escrito com inteligência, que nos faz rir mas por vezes também pensar: tanto nos desafia a reinterpretar fórmulas banais que tendemos a ler com o significado mais óbvio (ex: "Tomei um duche, lavei os dentes e fiz a barba ao espelho, que ficou cheio de riscos porque a lâmina estava um pouco romba.") como nos esclarece/interroga sobre as grandes questões da vida (ex: "Não há nada no mundo que seja sério ou importante. Há quando muito algumas coisas que são importantes para certas pessoas, que as levam a sério num certo momento. Depois o momento passa, tenha durado um dia ou uma década, e o que era importante torna-se insignificante. E se uma coisa se pode tornar insignificante, é porque nunca foi importante.").
Só mais um pormenor que queria realçar: para além de ter uma enorme criatividade e um sentido de humor muito próprio, o Nuno sabe escrever bem. É raro pegar num livro assim, que se percorre de uma ponta à outra sem tropeçar numa única gralha ou numa construção frásica menos feliz.
Parabéns Nuno. Fico à espera do próximo. :)