Medeia - Vozes
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Um dos melhores livros que já li e definitivamente o melhor do ano (pelo menos até agora...)
"Christa Wolf é hoje certamente a figura literária da ex-RDA com maior projecção internacional.
A sua produção literária acompanhou sempre, de forma consciente e eticamente empenhada, o processo de evolução da RDA, não deixando com isso de subverter os princípios rígidos de um "realismo socialista", essencialmente por colocar o indivíduo, e não um processo histórico idealizado, no centro das suas construções narrativas."
"Christa Wolf é hoje certamente a figura literária da ex-RDA com maior projecção internacional.
A sua produção literária acompanhou sempre, de forma consciente e eticamente empenhada, o processo de evolução da RDA, não deixando com isso de subverter os princípios rígidos de um "realismo socialista", essencialmente por colocar o indivíduo, e não um processo histórico idealizado, no centro das suas construções narrativas."
Emprestado a uma amiga... a ver se a impressão que causa é tão forte como foi comigo!
Agosto.2005 - A I. também gostou muito. Já falámos sobre ele várias vezes, a propósito de várias coisas. Há livros assim, que nos marcam e se fazem relembrar frequentemente!
Agosto.2005 - A I. também gostou muito. Já falámos sobre ele várias vezes, a propósito de várias coisas. Há livros assim, que nos marcam e se fazem relembrar frequentemente!
Com uma releitura seis anos depois a opinião mantém-se, é um livro muito, muito bom e com uma brilhante tradução do João Barrento.
Vai conhecer um Cometa perdido nos céus de Setúbal...
Vai conhecer um Cometa perdido nos céus de Setúbal...
Chegado e muito bem acompanhado, obrigadaaaaaa.
Tem piada que a primeira coisa que vi foi o tradutor, João Barrento, bom auspício.
Tentei ler pela rua mas é dificil
Depois fiquei presa pela pré?- introdução que li e reli:
«Somos nós que descemos até aos Antigos? São eles que nos apanham? Tanto dá. Basta estender a mão. Passam-se para o nosso mundo com a maior das facilidades, estranhos hóspedes iguais a nós..... »
Promete :) Obrigada pelo empréstimo, contito.
Ulha. não tinha visto a data da je, bem que disseste que estavas a reler...
Tem piada que a primeira coisa que vi foi o tradutor, João Barrento, bom auspício.
Tentei ler pela rua mas é dificil
Depois fiquei presa pela pré?- introdução que li e reli:
«Somos nós que descemos até aos Antigos? São eles que nos apanham? Tanto dá. Basta estender a mão. Passam-se para o nosso mundo com a maior das facilidades, estranhos hóspedes iguais a nós..... »
Promete :) Obrigada pelo empréstimo, contito.
Ulha. não tinha visto a data da je, bem que disseste que estavas a reler...
É um livro em que o mais importante não é saber o fim (em alguns até é ;).
Por isso, pelo menos para mim, estando a meio, a curiosidade de ver Eurípides vs Wolf fez procurar informações. Encontrei um texto que me parece bom:
http://www3.uma.pt/Publicacoes/FORUMa/200207_A2N4/christa.html
Curioso ser um dos teóricos que analisaram a obra de Wolf a escritora Margaret Atwood, de quem estou a ouvir falar, mas ainda não conheço. Tenho agora de saber o que Atwood tem de trabalhos teóricos.
É magistral ( e palavra que não uso) a forma como Wolf re-escreve o mito de Medeia.
A frase que retirei na primeira je diz tudo. E pode ser o pressuposto de que partiu a escritora ou a conclusão a que quis chegar.
Tem validade das duas maneiras: ou descemos aos Antigos, ou eles vêm até nós. Ou estão entre nós.
É um exemplo também da contextualização histórica com os seus valores, em diferentes épocas. Perfeito.
E para já, mais não digo por não saber ler nem escrever.
Por isso, pelo menos para mim, estando a meio, a curiosidade de ver Eurípides vs Wolf fez procurar informações. Encontrei um texto que me parece bom:
http://www3.uma.pt/Publicacoes/FORUMa/200207_A2N4/christa.html
Curioso ser um dos teóricos que analisaram a obra de Wolf a escritora Margaret Atwood, de quem estou a ouvir falar, mas ainda não conheço. Tenho agora de saber o que Atwood tem de trabalhos teóricos.
É magistral ( e palavra que não uso) a forma como Wolf re-escreve o mito de Medeia.
A frase que retirei na primeira je diz tudo. E pode ser o pressuposto de que partiu a escritora ou a conclusão a que quis chegar.
Tem validade das duas maneiras: ou descemos aos Antigos, ou eles vêm até nós. Ou estão entre nós.
É um exemplo também da contextualização histórica com os seus valores, em diferentes épocas. Perfeito.
E para já, mais não digo por não saber ler nem escrever.
O texto da Atwood sobre Medeia está num link do incluído pela Cometa, mas mais directamente aqui: http://www.randomhouse.com/boldtype/0498/wolf/essay.html
... só para que conste! :)
... só para que conste! :)
E o que dizer de, um dia destes, pensar que não era mais que um romance de cordel com uma estória de faca e alguidar a que estava presa ??!! Parti-me a rir. Mas é ou não verdade que pode ser? Como toda a mitologia greco-romana, neste caso. E que não deixa de ser como a vida das pessoas, noutro degrau da escada, desde a Antiguidade. Não penso que tenhamos evoluído muito, em termos de mentalidade, desde essa época, e até antes, pobres bípedes, daí estarem os mitos presentes e haver génios, como estou a considerar a Wolf, que os trabalham, refazem e actualizam.
Defeito, vejo muito as coisas pelo prisma da História. E este livro tem tudo para me envolver desta maneira. E apetecer-me ler coisas teóricas sobre mitologia, para este ( agora fiquei muito curiosa com a Atwood teórica).
Defeito, vejo muito as coisas pelo prisma da História. E este livro tem tudo para me envolver desta maneira. E apetecer-me ler coisas teóricas sobre mitologia, para este ( agora fiquei muito curiosa com a Atwood teórica).
Já acabei há vários dias. Fiquei em meditação.
Sim, para tudo o que já escrevi. Um dos melhores livros de sempre. Não sei em que mundo me fez entrar, ou sair, ou estar. Maravilha :)
Sim, para tudo o que já escrevi. Um dos melhores livros de sempre. Não sei em que mundo me fez entrar, ou sair, ou estar. Maravilha :)
http://www.youtube.com/watch?v=95a1yTMxp3g&feature=related
Mulheres de Atenas
Chico Buarque
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas:
Geram pros seus maridos,
Os novos filhos de Atenas.
Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios...
Lindas sirenas, morenas.
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Já cá canta! :)
de repente lembrei-me que já não ia ao apartado há bastante tempo e lá tinha a Medeia, à espera!
Obrigada
de repente lembrei-me que já não ia ao apartado há bastante tempo e lá tinha a Medeia, à espera!
Obrigada
Que livro extraordinário!
Falado a várias vozes, conta-nos a história de Medeia e dos Argonautas na primeira pessoa num tom encantatório que fascina, envolve e nos faz viajar.
Gostei muito! Obrigada conto, pela partilha e cometa pelo "impinjanço" involuntário (cheguei ao livro pelos teus sucessivos elogios...:)
e agora? que lhe faço? segue para...
Falado a várias vozes, conta-nos a história de Medeia e dos Argonautas na primeira pessoa num tom encantatório que fascina, envolve e nos faz viajar.
Gostei muito! Obrigada conto, pela partilha e cometa pelo "impinjanço" involuntário (cheguei ao livro pelos teus sucessivos elogios...:)
e agora? que lhe faço? segue para...
Regressado a casa. Que bom que gostaram! :)
«Obrigada conto, pela partilha e cometa pelo "impinjanço" involuntário (cheguei ao livro pelos teus sucessivos elogios...:) »
Mas, na verdade, acreditas que o impinjanço foi involuntário?
Olha que não, olha que não.
Muitas vezes, o ar pode ser distraído, mas não é ponta sem nó - mula velha.
E continuo com a mania que aqui no bc o que cabia era literatura e não histórias de cordel (que as há bem giras). Que os que entram, a partir do que conhecem, partam para outros caminhos 'que não são bem o meu género, bla, bla', mas podem passar a ser. Elitista, a astra, ou fora da realidade.
E a conto também fez o seu trabalho, para que je conhecesse este livro. Obrigada :)
Mas, na verdade, acreditas que o impinjanço foi involuntário?
Olha que não, olha que não.
Muitas vezes, o ar pode ser distraído, mas não é ponta sem nó - mula velha.
E continuo com a mania que aqui no bc o que cabia era literatura e não histórias de cordel (que as há bem giras). Que os que entram, a partir do que conhecem, partam para outros caminhos 'que não são bem o meu género, bla, bla', mas podem passar a ser. Elitista, a astra, ou fora da realidade.
E a conto também fez o seu trabalho, para que je conhecesse este livro. Obrigada :)
Mais uma voltinha, mais uma viagem... A caminho da ichigochi.
Criança não paga mas também não anda!! (heheh... nada a ver mas não resisti)
Criança não paga mas também não anda!! (heheh... nada a ver mas não resisti)
Também chegou bem.
Obrigada pela sugestão de leitura, conto.
Vou tentar ler até ao final do Verão... :)
-----------------------------
12-09-2013
Desculpem o atraso a escrever a JE. Às vezes sou atacada por acessos de preguicite que podem demorar semanas a passar... ;)
Resolvi editar esta JE para não estragar a cronologia da viagem.
Antes de mais, obrigada à conto por me ter apresentado esta autora. Não a conhecia e gostei imenso. Fiquei com vontade de experimentar outras obras dela.
Em relação ao livro, gostei desta versão da história de Medeia mas, sobretudo, da forma como ela está contada, num mosaico construído a partir de 6 vozes diferentes.
Apesar dos monólogos em texto corrido, com frases longas e complexas, e em que se salta frequentemente de assunto, de tempo e de cenário (exactamente como se espera numa verdadeira corrente de pensamento), consegue-se acompanhar muito bem a narrativa, o que indica mérito tanto da autora como do tradutor.
Só não dou 10 pontinhos porque tropecei numa falha de coerência no enredo: uma manhã Medeia levanta-se e vê a lua em quarto minguante sobre o horizonte e depois, nessa noite, a lua está cheia e ocorre um eclipse lunar (que só pode acontecer precisamente em noites de lua cheia). É claro que estamos a falar de uma história do campo mitológico, que não é nem tem de ser real, mas é tão bom quando podemos permanecer na ilusão de que poderia ter acontecido assim... :)
Obrigada pela sugestão de leitura, conto.
Vou tentar ler até ao final do Verão... :)
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12-09-2013
Desculpem o atraso a escrever a JE. Às vezes sou atacada por acessos de preguicite que podem demorar semanas a passar... ;)
Resolvi editar esta JE para não estragar a cronologia da viagem.
Antes de mais, obrigada à conto por me ter apresentado esta autora. Não a conhecia e gostei imenso. Fiquei com vontade de experimentar outras obras dela.
Em relação ao livro, gostei desta versão da história de Medeia mas, sobretudo, da forma como ela está contada, num mosaico construído a partir de 6 vozes diferentes.
Apesar dos monólogos em texto corrido, com frases longas e complexas, e em que se salta frequentemente de assunto, de tempo e de cenário (exactamente como se espera numa verdadeira corrente de pensamento), consegue-se acompanhar muito bem a narrativa, o que indica mérito tanto da autora como do tradutor.
Só não dou 10 pontinhos porque tropecei numa falha de coerência no enredo: uma manhã Medeia levanta-se e vê a lua em quarto minguante sobre o horizonte e depois, nessa noite, a lua está cheia e ocorre um eclipse lunar (que só pode acontecer precisamente em noites de lua cheia). É claro que estamos a falar de uma história do campo mitológico, que não é nem tem de ser real, mas é tão bom quando podemos permanecer na ilusão de que poderia ter acontecido assim... :)
E novamente regressado a casa. Há livros que ainda dá mais gosto partilhar, como este! :)
E venho aqui eu imiscuir-me, fazendo a JE de um livro que acabei há semanas, mas de que ainda não me consegui libertar.
O trecho da contracapa é já uma promessa do que aí vem: “Vou pagar caro por isto. É sempre a mulher que paga quando, em Corinto, é testemunha das fraquezas de um homem.”. Muito bem reinventada por Christa Wolf (que descobri agora graças à generosidade da conto), Medeia paga bem caro a sua força e frontalidade.
É um livro maravilhoso, contado por seis personagens distintas, que só peca por ser pequeno e não nos fazer ouvir outras vozes mais, como a da rainha Mérope. Um dos livros do ano, sem dúvida, a reler vezes sem conta.
“As coisas estão dispostas de tal modo que não só aqueles que têm de suportar injustiças, mas também os que as fazem, estão condenados a não ter alegrias na vida. Pergunto muitas vezes a mim própria se o prazer de destruir outras vidas não virá de não termos prazer nem alegria com a nossa própria vida.”.
O trecho da contracapa é já uma promessa do que aí vem: “Vou pagar caro por isto. É sempre a mulher que paga quando, em Corinto, é testemunha das fraquezas de um homem.”. Muito bem reinventada por Christa Wolf (que descobri agora graças à generosidade da conto), Medeia paga bem caro a sua força e frontalidade.
É um livro maravilhoso, contado por seis personagens distintas, que só peca por ser pequeno e não nos fazer ouvir outras vozes mais, como a da rainha Mérope. Um dos livros do ano, sem dúvida, a reler vezes sem conta.
“As coisas estão dispostas de tal modo que não só aqueles que têm de suportar injustiças, mas também os que as fazem, estão condenados a não ter alegrias na vida. Pergunto muitas vezes a mim própria se o prazer de destruir outras vidas não virá de não termos prazer nem alegria com a nossa própria vida.”.
Emprestado à Catarina13 há já uns meses, mas tinha-lhe perdido o rasto. Assim, já não esqueço onde anda. Devolvido a 16 Junho 2021, sem ter sido lido :(