"As idas à grande cidade para se libertar da herança dum pai coronel verticalmente duro e duma mãe extravagante e desligada fazem com que José Homem se sinta no bom caminho para uma morte sem memórias nem saudade. Descrente no governo de deus e, sim, das circunstâncias, é por mão do padre que se vê obrigado a relacionar-se com um dos rapazes estrangeiros recebidos no orfanato, Antonino, mutilado na guerra civil de Angola, o que vem despertar em si um sopro inesperado de amor e vontade."

Estranhei a linguagem "demasiado poética" que, a princípio, me soava um pouco artificial. Estranhei também o discurso demasiado formal das personagens, muito iguais nas suas falas. Mas acabei por me render à escrita, por me emocionar com alguns detalhes e ler desenfreadamente, quase de um fôlego. Esperava uma solução mais composta para uma morte inesperada, mas a vida quase nunca é muito bem arranjada. E gosto dos livros que também não o são.
Senti algo de nórdico neste livro e isso é coisa que me agrada bastante.

Vou partilhar este livro de uma conterrânea com a minha afilhada de Natal BC. Creio que será pessoa para o apreciar e sei que dela virá uma opinião muito bem fundamentada, algo de que estou a precisar. Acabei de o ler há minutos e tudo está ainda muito à flor da pele. Há muita infância espalhada por aqui.

Feliz Natal, afilhada! E que o ano de 2014 seja bem generoso contigo.

Beijinhos,
Joulupukki :)

E que bem que souberam as bolachinhas e o copinho de vodka (oops... copinho de leite! LEITE!!!) que o Arvores deixou junto à chaminé para me recompor da viagem!

HO HO HO! Festas Felizes!

Bem, que bela surpresa estava hoje à minha espera na caixa do correio! :)
Quando li o remetente (Joulupukki - Lappi - Suomi) pensei "isto soa-me a Árvores"... ;) Depois de abrir o envelope, vi a embalagem de chocolates Avianense (mnham, mnham...) e pensei "deve ser mesmo do Árvores". O postal dentro do livro só veio confirmar a suspeita (mostrei o postal à filhota, ela gostou muito e retribui os beijinhos).
Ainda não conhecia este livro, nem a autora, tão nova e já com tantos prémios, e fiquei cheia de curiosidade... depois partilharei a minha opinião.

Muito obrigada pelo cuidado em organizar este pacote/prenda! Vou dar bom uso a tudo: o postal vai juntar-se à decoração da nossa árvore de Natal, os chocolates vão ser devidamente saboreados por mim e pela família, o livro vai ser lido e (re)partilhado e o marcador ficará como recordação do meu padrinho de Natal 2013... :)

Um Bom Natal e um óptimo 2014 para ti e para o resto da floresta!

(Boas Festas também para ti, Pai Natal! Desejo que encontres sempre um copinho de vodka, quero dizer, de leitinho, junto de cada chaminé! ;))

Gostei bastante deste livro. Acho que a escrita tem a marca pessoal da escritora e, apesar de poética, não é demasiado subjectiva, pelo que a leitura acaba por ser bastante fluída. E achei a história interessante, apesar de triste...

Agora o que gostei menos no livro.
Por um lado, acho que a narrativa está demasiado focada na personagem principal. Percebo que tenha sido essa a escolha da autora, mas eu gostaria de ter conhecido a perspectiva de outras personagens (por exemplo dos pais de José Homem, de quem conhecemos as acções mas não percebemos os motivos).
Por outro lado, pode ser só problema meu, mas tive dificuldade em situar a acção no tempo e no espaço. Dei por mim a imaginar que tudo se passava num determinado tempo e espaço e a ter de parar para reajustar esse contexto de acordo com algum dado novo que surgia.
Por exemplo, todo o ambiente que transparece da escrita (o padre que visita as pessoas da aldeia a pé; a ausência de referências a qualquer tecnologia; etc.) levou-me a imaginar a acção num passado mais ou menos distante, embora não conseguisse localizá-lo com precisão, mas, a certa altura, apercebi-me de que afinal se passava na actualidade ou num passado muito recente.
No entanto, no final, juntando todos os dados, continua a haver algo que não bate certo:
-José Homem está quase a fazer 70 anos;
-a mãe morreu com pouco mais de 40 anos;
-há uma personagem que terá morrido em 1972, pouco mais de 1 ano depois da mãe;
-há um menino angolano órfão que menciona Savimbi (falecido em 2002).
Ou seja, no máximo a acção decorre em 2002 e José Homem tinha 40 anos em 1972, que era sensivelmente a mesma idade da mãe!!!
Eu sei que esta fixação com datas e idades roça a obsessão mas é mais forte que eu... ;)

Quanto à localização geográfica, como a autora é de Viana do Castelo e a acção decorre numa aldeia à beira-mar, imaginei que se situasse nessa região, mas as idas frequentes a Lisboa, de carro, indo e vindo no mesmo dia, com tempo para passeios e visitas, levaram-me a suspeitar que não devia ser esse o caso e, de facto, quase no fim, José Homem menciona que mora a cerca de 2 horas de Lisboa...

Também houve aquela questão do crime que fica "mais ou menos" por resolver. Ou seja, fica subentendido quem foi o autor mas não há um verdadeiro desenlace.

Por último embirrei um bocadinho com a pontuação dos diálogos, em que aparece frequentemente uma vírgula a seguir ao ponto final. :)

Dito isto, e apesar da lista de coisas de que gostei menos, devo reafirmar que foi uma leitura que me deu prazer, talvez porque a qualidade da escrita compense largamente esses "detalhes".
Obrigada por me dares a conhecer esta autora, Arvores. Se me cruzar com outro livro dela, não hesitarei em lê-lo. :)

O livro ficou hoje no correio.
Podia ir por aí, a saltitar de mão em mão, mas por enquanto parece que vai só à ladylouve e volta logo...

Já chegou há uns dias mas só agora pude fazer o comentário!

Vou começar a lê-lo assim que possível, em princípio ainda hoje. <--- Isto foi ontem, hoje já estou quase no fim... É que a mensagem não seguiu!

Muito obrigada!

Terminei num instante, gostei imenso! Muito obrigada pela partilha :)

Fica o meu comentário um pouco mais alongado: http://naomeapeteceestudar.blogspot.pt/2014/02/a-vida-inutil-de-jose-homem.html

Agora não sei se esperamos por mais alguém que se arrisque no ring ou se regressa à procedência... Mas já vou averiguar. :p

Está de volta a casa. Fica à espera de novas viagens. :)